Endometriose e Saúde Mental: Uma Conexão que Precisa Ser Compreendida
24 de junho de 2025A endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva. Caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, a doença é conhecida por causar dores intensas, especialmente durante o período menstrual. No entanto, os impactos da endometriose vão além do físico, afetando significativamente a saúde mental das pacientes.
A Relação Entre Endometriose e Saúde Mental
Estudos têm demonstrado uma forte correlação entre endometriose e distúrbios emocionais, como depressão e ansiedade. A dor crônica, a dificuldade em obter um diagnóstico preciso e os desafios no tratamento contribuem para o desgaste emocional das mulheres afetadas.
Um estudo publicado na Revista da Associação Médica Brasileira avaliou a frequência de depressão em pacientes com endometriose e dor pélvica. Os resultados mostraram que 92% das participantes apresentavam sintomas depressivos, sendo 56% classificados como depressão moderada a grave. Essa alta prevalência reforça a importância de considerar a saúde mental como parte essencial do tratamento da doença.
Além disso, a Sociedade Brasileira de Endometriose destaca que a ansiedade e o estresse afetam diretamente a percepção da dor e a qualidade de vida. Esses fatores emocionais muitas vezes intensificam os sintomas físicos, gerando um ciclo de sofrimento difícil de romper.
A Importância do Apoio Psicológico
Diante desse cenário, é fundamental que o tratamento da endometriose inclua o cuidado com a saúde emocional. A terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado eficaz na redução de sintomas de depressão e ansiedade em mulheres com endometriose. Essa abordagem terapêutica permite às pacientes desenvolverem estratégias mais saudáveis de enfrentamento, melhorando sua qualidade de vida.
Além da psicoterapia, práticas como meditação, mindfulness e atividades físicas leves, como caminhada ou yoga, podem ajudar a reduzir o estresse e proporcionar alívio emocional. A criação de espaços seguros para escuta e acolhimento também é essencial — sejam eles em grupos terapêuticos, associações de pacientes ou ambientes de saúde integrativa.
Conclusão
A endometriose é uma doença que exige uma abordagem multidisciplinar e humanizada. Mais do que tratar a dor física, é preciso olhar com atenção para os efeitos silenciosos que a doença provoca na mente. O acolhimento psicológico, aliado ao tratamento médico, é parte indispensável de um cuidado verdadeiramente completo.
Reconhecer e abordar os impactos da endometriose na saúde mental é um passo decisivo para promover qualidade de vida e dignidade para todas as mulheres que convivem com a doença.
Referência:
ALVES, Luciano Silva et al. Prevalência de sintomas depressivos em pacientes com endometriose e dor pélvica. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 64, n. 12, p. 1105-1111, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/SqPWmxKHwZxn5VcPN5fwvZp/ Acesso em: 23 abr. 2025.
Código: BR-nonP-2500077 Maio/2025